domingo, 12 de junho de 2011

Isto é esperança...

Aprendemos muito com os amigos. Quem prescinde desse aprendizado é um solitário, ou quer ficar encimesmado no que já sabe, sem ver que devido à diversidade, somos aprendizes uns dos outros. Discutir idéias é algo muito saudável.

Conversei com um amigo que falou uma frase consagrada e conseguiu dar-lhe um tom capaz de fazê-la fugir do lugar comum: - Hoje percebi que “um novo mundo é possível”, e passou a contar-me duas experiências marcantes, as quais vou tentar contar aqui. Estávamos teclando, mas, mesmo assim, foi como se eu o visse engasgado de emoção ao relatar a criação de uma cooperativa composta só de surdos, uma serigrafia. Ele contou-me de forma comovida que ele não é pessoa de se emocionar, mas que esse evento amoleceu seu coração.

A outra experiência diz respeito a uma reunião de que participou do projeto Justiça Comunitária de Passo Fundo, que busca a paz e a cidadania, que visa a democratização do acesso à justiça, por meio da mobilização e capacitação de agentes comunitários, preparados para a gestão de conflitos. O projeto está vinculado ao PRONASCI (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), que está sendo implementado e executado em uma parceria entre a Prefeitura Municipal e a Faculdade de Direito da Faculdade Meridional – IMED.

O relato do meu amigo, entre outras coisas, fez com que eu revisse os candidatos a agentes comunitários que conheci lá no Bairro Zácchia e lá no Bairro Valinhos. Assim como a ele, impressionou-me a simplicidade, a inteligência e o profundo sentimento de compaixão que os move. Pude rever, como num filme, a minha amiga professora Rejane da Escola Municipal do Bairro Zácchia, uma locomotiva que arrasta junto consigo um mundo de gente boa, honesta, solidária e transforma-os em colaboradores do “novo mundo possível”. Vi também minha amiga Claudia Furlanetto e seus amigos surdos, tomando iniciativas e ajudando pessoas para a vida.

Compreendi por que o meu amigo estava impressionado, pois muitas vezes já me senti assim, cheia de esperança, cheia de fé, cheia de entusiasmo, vendo tanta coisa sendo feita e que passa desapercebida por parte da maioria das pessoas.

Entristece-me a fala tão comum de que nenhum político presta, de que não se faz nada pelo povo, de que estamos abandonados à própria sorte. As ações de prevenção de violência que temos em nossa cidade são muito consistentes. Podemos começar com as muitas ações na sócio educação em favor dos adolescentes em conflito com a Lei. Temos trabalhos neste sentido desenvolvidos pelo CEDEDICA, pela Leão XIII, pelos Voluntários Sociais. Nas medidas protetivas podemos citar o Fórum Permanente Por Um Ambiente de Paz na Família e na Escola, um projeto desenvolvido há anos por muitas entidades e voluntários. Temos o PROMAD, o GIEP, a Escola de Pais do Brasil, a AVOCE – Associação de Voluntários Cidadãos Entusiastas, assim como muitas outras entidades e órgãos públicos imbuídos em promover o bem estar e a pacificação das pessoas.

Quero dizer ao meu querido amigo que ele não está sozinho no seu sentimento de esperança, de otimismo e de alegria pela competência do nosso povo em organizar-se e trabalhar olhando para o mundo todo, mas agindo no único lugar onde temos como fazer a diferença: aqui e agora!