quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Suspiros!


Aprendi a fazer suspiros! Este era um tabu que demorei muitos anos para resolver, pois não conseguia assá-los convenientemente. Agora eu sei que devo deixar o fogo bem baixinho e colocar a parte de baixo da manteigueira de inox entre a porta do forno e o forno, de forma a mantê-lo sempre entreaberto. E zás! Lá estão meus suspiros com nozes, lindos leves e soltos, como sempre almejei e sempre comi com voracidade, feitos pelas minhas cunhadas. Agora sim, os ovos serão aproveitados em sua totalidade, exceto as cascas. Elas sempre podem ser misturadas à terra, dizem, para fazer compostagem, e, como não faço compostagem, elas vão diretamente à lata de lixo orgânico. Tenho mania de separar os lixos, mas sei que tudo é bem misturado por essa empresa que nos impingiram, que finge fazer um serviço, e nós fingimos que acreditamos. Vi no Bourbon, vários recipientes para reciclagem de lixo e entre eles, há um que recolhe pilhas usadas. Eu adorei, pois estou com um estoque de pilhas que acredito serem muito danosas ao planeta, se jogados por aí, nos lixões. Enfim, venci uma etapa culinária e estou feliz por isso. O Domingos vai se refestelar comendo essas bolinhas brancas e açucaradas, que são a paixão dele. Para quem não sabe, misturar nozes picadas à merengada é tudo de bom...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cozinhando

O Natal está chegando e eu estou cozinhando. Faço-o enquanto penso no gosto dos meus queridos, tentando agradar a todos. Papo de anjo é uma unanimidade, portanto fiz muitos e ainda farei outro tanto. Vou mandar as claras para a Iria que sabe fazer merengues com nozes, uma delícia sem par. Sou péssima pra fazer merengues, mas meus papos de anjo... Eu poderia ser uma portuguesa, tal a facilidade com que os faço. Penso muito nos portugueses e nas delícias que nos legaram, feitos basicamente de ovos e açúcar. Claro que de farinha também, ou não teriam criado os pastéis de Santa Clara. Amo a textura dos doces portugueses, por sua leveza e simplicidade, pois tudo se desmancha na boca. Ainda vou fazer uma pesquisa bem séria e me especializar em transformar ovos em algo quase etéreo, inacreditável. Cozinho enquanto espero a Flávia, com uma saudade que não tem nome, tal a intensidade. Perdi os cantinhos que permaneciam com o cheirinho dela, por causa do tempo e o tempo se encarrega de apagar o que não é frequentado por um tempo. Ela levou quase tudo embora e o que ficou foi se tornando algo pertencente à casa, sem suas características, sem seu cheiro. Espero que daqui a alguns anos, meus filhos procurem o cheiro da casa deles, por sentirem saudade de nós. Enquanto isso, vou fazendo quitutes e procurando reunir todos em volta da mesa.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009


Ciudades sensibles I

Cuestiones (abiertas) sobre ciudades sensibles


- Primera entrega -


Por: Leopoldo Fidyka (*)


“Ciudad sensible, no es la de bellos edificios sino aquella más cerca de los corazones...”




Estructuramos nuestra vida en ciudades, ellas son nuestra casa, nuestro espacio común, lo que nos lleva a la urgente necesidad de repensar nuestra forma de abordarlas, vivirlas, gestionarlas y planificarlas.

Quizás falte algo, quizás se necesite exteriorizar e incorporar los sentimientos: Ciudades sentidas, ciudades que sientan, ciudades que permitan sentir.

El pensamiento por una ciudad mejor, no es nuevo aunque la temática en los últimos años tomo una singular trascendencia.

Ya desde antigüedad surgió la búsqueda por la Ciudad Ideal en procura de las características que debía reunir una ciudad para el desarrollo de los hombres teniendo en cuenta su bienestar físico y sus necesidades sociales.

Desde distintas perspectivas y contextos como Platón, Vitrubio, Al Farabí, Leonardo Da Vinci, Tomás Moro, Le Corbusier, entre muchos otros, reiteran su preocupación por este aspecto, sin embargo, los años pasan y los problemas se acrecientan, por lo que algo estamos haciendo mal, las ciudades permanentemente vienen reproduciendo muros, barreras (espaciales y físicas), degradaciones, desigualdades y exclusiones.

Pero llegamos a este punto, quizás por varios sesgos culturales[1], los cuales serán importante tener en cuenta para hacer efectivo el pleno ejercicio de los derechos humanos y la ciudadanía en clave sensible.

. El individualismo, “del sálvese quien pueda” que deja afuera la solidaridad y la construcción colectiva.

. El racionalismo, como única fuente de entrada para abordar y comprender los fenómenos.

. El antroprocentrismo, de ver al hombre como dueño de la naturaleza, que llevó a atrocidades contra el ambiente y nosotros mismos.

. El economicismo, que solo valora lo medible o redituable desde el punto de vista material.

. La representación "formal" de la democracia como delegación "abstracta", donde se incluye también a los marcos normativos.

. El sesgo masculino-patriarcal de la sociedad contemporánea.

Es decir, el pensamiento fragmentado, instrumental nos llevó por caminos alejados de la sensibilidad. Si entendemos por sensibilidad la facultad de sentir algo, la capacidad de respuesta o la inclinación a dejarse llevar por los sentimientos, llevado esto, al plano exterior o urbano, ciudades sensibles serían ciudades que sienten, ciudades que perciben o incorporan los sentimientos, o ciudades que permiten o facilitan expresarlos.

Se generan “de adentro hacia fuera”, dado que intenta explicitar los sentimientos más sublimes de los seres humanos; “de abajo hacia arriba”, porque se despliega desde la misma ciudad; “de aquí al mundo y del mundo hacia aquí”, porque integra la relación global-local y viceversa, pone en consideración la búsqueda en la identidad pero sin resignar a la apertura y la diversidad cultural.

Una ciudad sensible no permite el sufrimiento, la degradación ambiental, social y cultural. Se piensa con clave de género y de igualdad de oportunidades e integra al todo y a las partes.

Sería una ciudad educadora, saludable, creativa[2] (por eso resultan valiosas las iniciativas que en este sentido se vienen intentando en ciudades de distintas partes del mundo) pero la ciudad sensible debe ir mucho más mucho más allá, por lo tanto también, deberá ser solidaria y afectiva.
Por lo tando se distingue de las demás ciudades y redes que pone su eje en la alteridad, en los encuentros, en los afectos y en la alegría, pero lejos de ser un concepto cerrado, la ciudad sensible, es una idea abierta, progresiva y en construcción.


Continuará...




[1] Más sobre el particular en “Formación en Cultura Democrática”, de Elizalde, Antonio y Donoso, Patricio: documento presentado por los autores en el 1er. Seminario Nacional de Formación Artística y Cultural organizado por el Ministerio de Cultura y realizado en Santafé de Bogotá del 27 al 29 de julio de 1998.

[2] Existen redes internacionales de ciudades educadoras (Asociación Internacional de Ciudades Educadoras AICE) impulsada por el Ayuntamiento de Barcelona cuya sede en Argentina es Rosario; Municipios y comunidades saludables OMS/OPS; y Ciudades Creativas UNESCO.




(*) Abogado y magíster en Dirección y Gestión Pública Local. Proyecto Casa Warat Buenos Aires


Extraído do blog Casa Warat

Podemos comemorar o Natal, sim!



Desde a idade média comemoramos o Natal, a festa maior do ocidente. É impossível ficar indiferente ao clima natalino, por vir carregado de uma atmosfera de boa vontade, de perdão, de troca e de algumas chatices, convenhamos.

Ao relembrarmos o nascimento de Jesus, revisitamos seu legado filosófico e pacificador. Mesmo quem não é religioso, mesmo quem não acredita na divindade de Jesus, curva-se ante a sabedoria latente e sempre atual contida nos evangelhos.

Deve ser por isso que todos nós, salvo raras exceções, continuamos a enfeitar a casa, ano após ano, continuamos fazendo das tripas coração para reunir a família e continuamos fazendo comidas gostosas no intuito de compartilharmos mais um ano de nossas vidas.

A pontinha de melancolia que nos acomete nesta época só pode ser explicada, na medida em que temos consciência de que os ensinamentos de Jesus não foram realizados em sua totalidade. Sabemos que sua linda mensagem ainda não nos tornou fraternos o suficiente, pacíficos o suficiente, humanos o suficiente.

Como podemos comemorar o Natal com plenitude, se sabemos de uma criança perfurada por dezenas de agulhas, pois foi submetido a um ritual religioso? Como podemos saborear nossas comidinhas sem que lembremos que milhões de pessoas ainda passam fome? Como podemos abraçar nossos familiares se não conseguimos alcançar os que moram nos esgotos, em prisões superlotadas e fétidas, sob pontes barulhentas? Como podemos trocar presentes se há crianças esperando um Papai Noel que nunca chegará?

Todas essas perguntas remetem-nos à ciranda de corrupção que faz girar vertiginosamente um grande número dos nossos políticos, que oram e riem, enquanto sugam o dinheiro público, feito vampiros que se alimentam do sangue de um povo.

As religiões fracassam ante atos tão escandalosos em nome de alguma divindade, ante pessoas que oram enquanto enfiam dinheiro público em cuecas e meias. Nós todos fracassamos quando, enganados, reelegemos corruptos, num ato cuja responsabilidade é dos candidatos, pois sabem enganar-nos e induzir-nos a acreditar neles de novo, dando-lhes um mandato que deveriam honrar.

O Natal deve ser de esperança e não podemos desistir de aprender com Jesus, que nos ensina sempre a sermos fraternos, livres, comprometidos uns com os outros. A intenção de Jesus ao falar com o povo, não foi a de submetê-lo e torná-lo resignado, esperando que seu sofrimento seja recompensado no céu, mas ensinou-nos a ter altivez e capacidade de combater as injustiças.

Podemos comemorar, sim, desde que, em meio aos abomináveis fogos e rojões, tomemos a decisão de melhorarmos nossas relações com nossos queridos e com o resto da humanidade.



Publicado no Diário da Manhã de 14/12/2009


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A Pedra

Quando o Bruno era bem pequeno, ainda no ensino fundamental, a escola propôs a ele e a seus colegas uma pesquisa sobre pedras. Lá foram o Domingos e ele à cata de exemplares de pedras, em marmorarias, em pedreiras, no quintal e, lógico, em Soledade. Eis que o Bruno, bem embasado com leituras e pesquisas, descobriu que um certo tipo de pedra possuía poder curativo.
Nesta época, minha mãe estava sofrendo dores muito fortes por causa de uma úlcera na perna e não encontrávamos nada que a pudesse ajudar efetivamente. Eis que o Bruno colocou uma pedrinha preta em cima do telhado, deixou-a lá ao sol por um tempo e a levou para a avó, com a recomendação de que só ela a tocasse. Por muitos dias, na hora de tirar o pó da máquina de costura onde a pedra foi colocada, a pessoa que o fizesse chamava minha mãe para que ela mesma a pegasse e a recolocasse no lugar.
Não sei se a pedra ajudou, mas o elo de afeto que isso produziu foi algo inesperado e emocionante. Todos os dias o Bruno subia e perguntava se a avó havia melhorado e, invariavelmente, a avó respondia que sim, que a pedra estava ajudando muito.
Coisas simples dão colorido ao nosso quotidiano, desde que tenhamos sensibilidade para aproveitar tudo o que nos aproxima. O amor é feito disso e de mais nada!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Companheiro

Ter um marido como o meu é muito bom. Há momentos em que necessitamos dizer coisas inimagináveis sobre a vida, sobre as situações, até como forma de desabafo. Eu digo ao meu Mingo. E ele entende. E não critica. Ouve e sorri daquele jeito carinhoso de quem já tem duzentos anos de compreensão do mundo. Seu temperamento sereno é um contraponto ao meu, o que é muito bom, tranquilizador. Sei que ele tem os mesmos sentimentos de todos nós, isto é, raiva, ódio, insegurança, carências, mas, o amor nele é muito maior que tudo. Com relação aos filhos que aprontaram como todos os filhos aprontam, ele soube responsabilizá-los firmemente, mas sem o menor ressentimento, sem a insegurança típica que nos assola, do tipo, o que eu fiz pra merecer isso, ou, onde foi que falhei. Ele não, sua segurança de que tudo daria certo nortearam sua conduta de educador. Ele nunca duvidou da linha que adotou e as falhas que aconteceram ele encarou como inerentes e necessárias ao processo. Agora que estou vulnerável, ganho dele a serenidade de que preciso, ganho a confiança de que amanhã será melhor. E com ele será sempre muito melhor do que está sendo. Não me sinto um complemento dele, nem ele é meu complemento, somos somente duas pessoas diferentes que se amam profundamente.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ansiedade

Tenho suportado bravamente um mal-estar que me atormenta. Quem me conhece pergunta invariavelmente o que me falta e por que estou tão ansiosa. Não consigo responder, o que me torna uma pessoa privilegiada, porém profundamente afetada por sintomas que reputo insuportáveis. Acordar no meio da noite com sensação de morte, sem capacidade de dar um passo, sentindo a boca seca, as extremidades amortecidas e um turbilhão concentrado no meio do peito, é algo que me amedronta. Esse turbilhão, parecido com água em movimento é o grande pavor de um quadro desses. Tem-se a nítida sensação de estar tendo um ataque cardíaco. A consulta ao psiquiatra é imperativa, já que não há como escapar de tomar remédios. Sei que terei que me submeter a uma psicoterapia, com todos os requintes de abrir porões, baús e gavetas emocionais. Imagino-me sentada de novo, tentando desvelar minha alma para uma pessoa desconhecida, porém super preparada para encarar o torvelinho de angústias e situações mal resolvidas que ficaram lá no passado e que, subitamente surgem e mostram que o bicho não é tão feio quanto a minha imaginação elaborou. A cada sessão deixa-se algo que já morreu dentro do consultório e isso nos liberta aos poucos. Por vezes deixei vários cadáveres que eu imaginava ficassem lá, sólidos a ponto de ocuparem um espaço. Com o tempo entendi que a sensação de deixar algo para trás, dizia respeito ao alívio de ter abandonado algo que me incomodava e que só ocupava um espaço incômodo dentro de mim. Mas, abandonar antigas crenças, antigos fantasmas é traumático. O que me impede de correr de novo ao consultório da minha psicóloga é o medo de deparar com coisas de que não gosto de lembrar, com o trauma de ter que purgar algo que faz parte de mim a tanto tempo, que pensava fosse normal ficar grudado à minha maneira de ser. Penso que ser livre é alguma forma de auto perdão, é alguma forma de perdoar e elaborar o passado e para isso preciso de ajuda. Meus porões, minhas gavetas e baús já não estão mais tão atulhados, mas estão merecendo uma boa faxina.