quarta-feira, 24 de março de 2010

Espetáculo de danças Deborah Kolker


Tive a oportunidade de assistir à Companhia de Danças Deborah Kolker, no Centro de Convenções de Olinda, PE. Fomos Gabriela e eu, faceiras e com uma expectativa de que fosse um grande evento e nos enganamos, foi muito mais do que isso. Foi algo impressionante, desde os cenários, à iluminação e, claro, os bailarinos. São ocasiões como essa que nos fazem crescer e aprender que a arte é a melhor forma de elevar nosso espírito e alcançar momentos de plenitude. Começou tudo com nossa entrada no Centro de Convenções, algo grandioso e super moderno, com vários auditórios, que possibilitam a realização de espetáculos os mais diversos, além de shows, formaturas.

Deborah Kolker, no último ato, toca ela mesma piano e faz uma mistura de arte e dança, focando o quadro em Degas e Velásquez, numa composição de vasos e bailarinos. Ficamos extasiadas. Adoramos!





sexta-feira, 19 de março de 2010

Amigo doente

Sabe aquele amigo que sempre sorri e que sempre abraça e que sempre aperta quando abraça e que sempre diz que sim para tudo. Tenho um assim. Já compartilhamos muitas festas, já comemos muita comida boa, já nos preocupamos com coisas sérias e, sobretudo, já sonhamos coisas grandiosas. Somos dois sonhadores salvadores do mundo, num tempo em que tão poucos têm uma utopia para conseguirem viver. Eu e ele não conseguiríamos viver sem ter um horizonte possível e bonito. Tudo para nós é factível, mesmo que difícil. Algumas coisas ficam para trás, mas o foco está lá, esperando e nós correndo atrás dele. Amo muito a mulher dele, aquela exuberante mulher, para quem tudo tem uma solução prática e que ri rasgado, sem pudor. São pessoas para as quais sempre ofereci o que tenho de melhor, mas, com amigos de verdade, não adianta, nossos defeitos ficam visíveis, mas eles nunca deixaram de ressaltar e de apreciar minhas virtudes e sempre me ajudaram a lapidar minhas falhas, para que elas não me prejudicassem mais do que o necessário. Pois o meu amigo está doente e eu estou aqui, vendo-o recuperado de novo, pois sei da sua força e sei do amor que move sua vida. Penso que os que amam e são felizes têm mais facilidade para se reabilitarem, mas eu quero que seja rápido, pois quero vê-los entrarem lá em casa e quero levá-los de novo para o nosso quarto, onde tem um aparelho que deixa tudo fresquinho ou tudo quentinho, para que sentemos na cama, nós quatro, de novo, para que façamos planos, para que sonhemos e para que programemos muitas festas e jantares e viagens e trabalhos importantes. Estou aqui esperando a cura dele e estou confiando na força do amor da mulher dele e dos filhos dele para que tudo aconteça pelo melhor.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Quem é a mulher que trabalha?


No Brasil a partir da Revolução Industrial de 1930 o contexto social e econômico mudou radicalmente. O êxodo rural transformou-nos, pouco a pouco, em um povo urbano, fazendo-nos espectadores de transformações impactantes, às quais ainda não estamos acostumados. Continuamos aprendendo a viver sem o modelo ancestral, onde havia pai, mãe, filhos, animais domésticos e terra para trabalhar.

Primeiro quem saiu de casa foi o pai, engolido pela indústria, ficando o cuidado da casa e dos filhos para a mãe. Em seguida saiu a mãe, para cumprir horários fabris, em detrimento do que queria e sabia fazer, que era o de cuidar dos filhos, fazer a comida e cuidar da casa.

Mas, muitas mulheres têm como modelo a própria mãe levantando cedo para trabalhar na lavoura, não sem antes servir o café, tirar leite, deixar a roupa ensaboada, para retornar no horário de maior calor, começar o almoço, torcer a roupa, almoçar com o marido e os filhos e, enquanto o marido descansava do trabalho na roça, lavar a louça e pendurar as roupas no varal; ou, uma mãe urbana, sobrecarregada e submissa, insatisfeita com sua condição de dependente do marido; ou, uma mãe mal paga para ensinar gerações e gerações, cuja frustração nunca escapou da família.

As mulheres a partir daí são divididas em duas categorias: as que trabalham fora e as que não trabalham. De trabalhadoras nas fábricas, elas alçaram outros voos e tornaram-se importante mão de obra em todos os setores e com muito sucesso. Não é mais possível prescindir do trabalho cada vez mais qualificado das mulheres, o que nos orgulha sobremaneira. Elas são as que trabalham, coisa que se ouve e se diz comumente.

As mulheres que não trabalham são aquelas que optaram e optam por cuidar da casa, dos filhos e essas deveriam ser remuneradas pelo Estado, pois não necessitam de creches, fazem a comida todos os dias, seus filhos raramente precisam ser internados e ajudam as crianças nas tarefas escolares. São as que levam os filhos à escola e os buscam, não sem antes conversar com a professora.

A primeira categoria de mulheres faz das tripas coração para conseguir conciliar sua vida profissional, familiar e social. Cumpre jornadas de trabalho inimagináveis e consegue equiparar-se ao homem no quesito stress e doenças cardíacas. São heroínas.

A segunda categoria foi desqualificada quando a casa, o lar, deixou de ser fonte de renda para tornar-se somente moradia da família. O trabalho da casa tornou-se “coisa de mulher”. Não é raro encontrarmos mulheres frustradas por não encontrarem o reconhecimento da sua importância na sociedade.

A verdade é que as mulheres sempre trabalharam, e muito. O fato de ganharmos menos do que os homens, mesmo trabalhando muito mais é um grande equívoco e motivo de violência. Muitas mulheres agredidas pelos homens suportam a situação por não conseguirem ganhar o suficiente para livrarem-se de seus agressores.

Não deveríamos ter um dia dedicado às mulheres, pois elas fazem jus a que todos os dias sejam delas, dado à crucial relevância de seu trabalho, sem o qual não existiríamos mais como humanidade.


Publicado no Diário da Manhã de 06/03/2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

Capacidade de dizer não

Li não faz muito, que o brasileiro tem dificuldade de dizer não e quando o faz, dá um milhão de desculpas, quase sempre esfarrapadas. Pois eu tenho essa dificuldade e vou assumindo coisas que tomam um vulto enorme. Quando amanheci ontem com uma tremenda crise de ansiedade, coisa de que eu achei estar livre, fui olhar minha agenda e vi que havia assumido 4 palestras e estava quase assumindo a quinta. A sensação de impotência de uma crise de ansiedade é muito assustadora, motivo pelo qual, resolvi finalmente ouvir os conselhos do psiquiatra: vou dizer não sempre que for necessário, sempre que a tarefa for estressante. Gosto dos meus trabalhos voluntários, acho-os importantes e sempre tive prazer em realizá-los, mas, acho que preciso de uma folga, preciso me sentir mais solta, sem a urgência de pesquisar e montar trabalhos. Dizer não pra mim é algo obrigatório e urgente, se eu quiser preservar minha sanidade, tanto física, quanto mental. Tenho que conceder este ano para minha tranquilidade. Posso copiar algo dos americanos, sim!