Trocar idéias é o principal mote deste blog. A possibilidade de interação entre mim e os leitores é algo que me mobiliza, me encoraja e instiga a continuar escrevendo. Mas isso não basta, quero dialogar ao mesmo tempo em que quero monologar, construindo uma base para por em ordem meus pensamentos, em forma de desabafo, em forma de registro, em forma de comemoração, em forma de lamento. Convido-os a que me visitem às vezes, que opinem sempre, que vivam comigo coisas parecidas com ss suas.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Ressaca pós Natal!
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Final de Ano
Como todos os anos, nesta época, temos o cuidado de rever coisas e, acho que aqui no sul, por alguns motivos a mais. Temos que arejar, sacudir as coisas, mostrar o sol a elas, despedindo-nos do inverno.
Foi com este intuito que comecei a empreitada, começando pelos livros. A constatação de que livro pode tornar-se obsoleto me chocou. Dei uma boa olhada na enciclopédia que pagamos em vinte e quatro vezes. Na época as necessidades dos filhos, exigiam que a comprássemos e optamos por ela, em detrimento da compra do telefone, coisa muita cara na época.
Constatei que os muitos volumes estavam realmente usados o que me deixou cheia de orgulho, mas triste por não precisar mais daquela fileira enorme de livros, substituída pelas redes virtuais, que, alimentadas pelo conhecimento de todos, é usada com critério por uns, com leviandade por outros. Cabe a cada um de nós, verificar a seriedade e a base científica das informações que colhemos, mas a informação não cabe mais em prateleiras.
Há bem poucos anos, pensar em me desfazer de livros por não servirem mais, seria considerado uma heresia. Hoje eles foram doados, foram descartados. O buraco na estante ainda guarda a energia das crianças.
O que precisa de ar também são os guardados que não nos servem mais, mas que falam ao coração. Encontrei, cuidadosamente embalada, uma cestinha de páscoa, toda enfeitada, que pertenceu à minha mãe, assim como uma lata verde, onde ela guardava biscoitos. Senti o cheiro dos biscoitos assados dias antes do Natal e pintadas escondido de nós, já que isso era tarefa do Papai Noel. Vieram-me à memória os Natais tão lindos, com presentes tão cuidadosamente escolhidos, com guloseimas cheirosas, feitas
Mexendo nas coisas lembrei-me de que o dinheiro curto era compensado pelo esforço da minha mãe em costurar nossos vestidos, em engomar guardanapos, em cozinhar deliciosos doces em calda, em enfeitar a casa e no meu pai ensaiando danças conosco, coisa que riscava o soalho brilhante da sala. Lembro também, dos buraquinhos que conseguimos nas taboas do chão, feitos com os taquinhos dos saltos dos sapatos, quando crescemos.
Mas, esta também é uma época de festas, quando encontramos amigos e numa delas, a Otília, uma amiga muito querida me abraçou e disse: “Feliz Natal, não Feliz Ano Novo, por que Natal é a coisa mais linda do mundo.” Entendi o que ela queria dizer, por que agora, quando já estou velha, o Natal é uma ocasião em que posso olhar para todos os filhos, todos os genros, todas as noras e para minha neta e dizer que tudo valeu a pena, mesmo que tenha que aprender tanto todos os dias, mesmo que tenha que aprender a descartar o que não tem mais serventia, para dar lugar para o novo.
Estou abrindo espaço na casa e no coração para tudo o que está por vir, com a mesma disposição com que me dispus a pagar em vinte e quatro meses o que era tão necessário.