sexta-feira, 21 de maio de 2010

Como é a criança do século XXI?



O século vinte foi marcado por grandes revoluções nos costumes, com os quais, pouco a pouco fomos aprendendo a lidar. A maior das reviravoltas foi a do reconhecimento de que a mulher é tão gente quanto o homem e ela, amparada por leis criadas na marra, foi conquistando direitos, foi se libertando do jugo patriarcal.

Hoje estamos adaptados, não por completo, mas temos símbolos que representam essa adaptação, na figura de duas candidatas a presidentes da república. Elas representam milhões de mulheres que causaram estranhamento em uma sociedade machista, mas que foram galgando os lugares que eram delas por direito, por capacidade, por preparo. As mulheres provaram que aquilo pelo que lutaram veio para ficar, gostemos ou não gostemos.

Pois, o século vinte e um mostra-nos uma nova infância, ciente de sua cidadania, uma infância que sacou antes dos adultos que ela é cidadã. Nossas crianças estão mostrando um comportamento incompatível com a obediência, com a subserviência. Ela já sabe qual a sua condição na sociedade.

É difícil esse período de adaptação, tanto que estamos escrevendo tratados, estudando o fenômeno incansavelmente. Percebemos o rancor que a altivez infantil provoca em adultos que ainda estão tentando compreender que vivemos uma quebra de paradigma. A criança não pertence mais ao adulto, não aceita falta de negociação, olha-nos desafiadoramente e quer discutir tudo, quer compreender tudo, requisitos necessários para que ela comece a pensar se faz o que estamos pedindo ou não.

Cabe-nos entender o contexto dessa nova infância e cabe-nos uma difícil adaptação. Entender que vivemos de forma visível e palpável uma revolução de costumes, mexe com nossas convicções e nos faz rever conceitos, valores e formas de relacionamento.

O estado de estupefação e de alerta em que estamos nos vivendo, remete-nos à certeza de que o mundo muda, a criança muda, nós todos mudamos, mas existem necessidades humanas que não mudam. Todos continuamos necessitando de amor.

Mesmo que estejamos atrapalhados, tentando entender as revoluções que o ser humano provoca, não devemos esquecer que temos o dever de amar essas crianças tão inteligentes, tão barulhentas, que insistem em nos olhar nos olhos e a pedir explicações após explicações, que ainda gostam de sentar no nosso colo, que têm momentos de completo abandono ao nosso afago.

Não entender o que está acontecendo é uma coisa, negligenciar o que não entendemos é abandono. É tarefa de adultos inteligentes procurar caminhos criativos para cuidar das crianças do nosso tempo.


Publicado em Diário da Manhã de 26/05/2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nada como um dia depois do outro!

Hoje estou feliz, como sempre. Os mal estares que descrevo são periódicos, não acontecem na maioria dos dias. Estou aqui, tomando uma cerveja preta, realizada por ter feito um belo trabalho, com uma maravilhosa equipe. Foi pesado, mas a turma sempre percebeu quando estava pesando e sempre me acolheu e animou. Nos próximos dias vou divulgar aqui um projeto que ocupa meu pensamento desde o ano passado. Acho que sou uma pessoa tenaz, por que saiu e vai acontecer. Cercar-se de gente boa e inteligente é o pontapé inicial para que nossos sonhos aconteçam. Ter sonhos que interessam ao coletivo e encontrar a sensibilidade dos outros em consonância com a nossa, faz tudo acontecer. Que legal!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Estou angustiada de novo!

Se quiserem me ver feliz, vejam-me ocupada com alguma coisa relevante, que faça a diferença. Ultimamente, mesmo sabendo da importância das coisas que faço, necessito fugir delas. Há circunstâncias intransponíveis que me amedrontam, tal a intensidade com que me afetam fisicamente. Não aguento mais sentir o peito tremendo, as extremidades geladas e a sensação de que meu cérebro está sendo sugado, pelo simples fato de falar com alguém, sobre assuntos pontuais, que consigo identificar como gatilhos para meu mal estar. Preciso aprender a desvencilhar-me do que me incomoda, mas que já foi central na minha vida.
Encontro, ainda bem, pessoas que compreendem a situação, inúmeras delas já passaram por isso e hoje estão bem. Dizem-me que o que incomoda não nos serve, mas ignoram que ideais e utopias não podem ser abandonadas como se fossem descartáveis. Ontem encontrei um personagem que aprova trabalho infantil, aprova tortura a adolescentes infratores, diz que já praticou inclusive e isso me abalou sobremaneira. O resultado é o Mingo chegar do trabalho, me encontrar sob o edredon, esperando que o ansiolítico faça efeito. Estou esperando que a humanidade evolua, que nos enxerguemos com outros olhos, que as crianças e os adolescentes sejam respeitados, que eles sejam filhos de todos nós. Enquanto isso, vou tomando meus remedinhos básicos e comprando lenços de papel.