Solidariedade entre mulheres!
Nos
últimos dias tenho observado mais atentamente o dia-a-dia de muitas mães, na
medida em que, às vezes, acompanho a saída do meu neto da escolinha. São
mulheres expostas a uma vida que, há bem pouco tempo, seria inviável. Cuidar de
crianças é trabalho árduo, embora prazeroso, isso dito por todas as mães,
todas, evidenciando que, no quesito amor, não mudamos nada.
Essas
mulheres atendem múltiplos interesses, enfrentam um trânsito insano, são
movidas pela responsabilidade de uma profissão, pela casa que cuidam com
esmero, por uma relação amorosa que também demanda um aporte emocional enorme
e, legitimamente, procuram ser felizes e participantes de uma sociedade que
ainda não sabe muito bem cuidar delas.
Solidarizo-me
com essas quase meninas, mães, profissionais, donas de casa, que estão fazendo
a vida pós moderna, ou ultra moderna. Não sei se as pessoas da minha idade
conseguiriam desempenhar tão bem o que elas fazem. Além do mais, elas inauguram
uma modalidade familiar que também não conhecemos ainda: elas têm, geralmente,
só um filho.
Em
um programa de TV, produzido a partir da ECO 90, apresentado no TV FUTURA,
mostraram alguns jovens que os jornalistas acompanharam desde a época. As
filmagens do nascimento, da primeira infância, da adolescência e de adultos,
mostram que as fórmulas tradicionais não são as únicas capazes de resultados
educacionais e humanos satisfatórios e que, em meio às adversidades, à
violência, à fome, à solidão, gravitam pessoas cujos filhos conseguem
sobreviver com dignidade. O principal foi constatar que as crianças têm uma
incrível capacidade de resiliência e que o amor dos filhos pelos pais e dos
pais para com os filhos está incólume.
Solidarizo-me
com os que sabem ser este o único lugar que temos para viver e que este deve
ser arranjado da melhor forma, mesmo que adverso e concorrido e assustador e
cuidam dos seus com tanto carinho.
Solidarizo-me,
principalmente, com as mamães que vivem situações limite, a exemplo do fato tão
insólito desta semana, quando um bebê foi esquecido dentro do carro. Imagino o
horror ao verificar que, mesmo tomando todos os cuidados do mundo, podem
ocorrer lapsos graves, causados pela correria insana em que estamos metidos. A
solidariedade deve ser a tônica dos que falam sobre o assunto, dos que lidam
com o assunto e dos que têm contato com a família que sofreu tamanho trauma.
Solidarizo-me
também com as vovós, que gostariam de ver suas filhas e noras um pouco menos
atarefadas, mas que compreendem e ajudam quando podem, sem pensar que o certo
está com elas, que o certo só acontecia como na música que Angela Maria
cantava: “são casas simples, com cadeiras na calçada, e na fachada escrito em
cima que é um lar...”, pois esse mundo só acontece de vez em quando, muito de
vez em quando.
Enquanto
isso, continuamos mulheres do mesmo jeito de antes, as crianças nascem do mesmo
jeito de antes. O que necessitamos é aprender todos os dias novas formas de nos
cuidarmos uns dos outros.
Publicado em 11/10/2012 no Jornal Diário da Manhã
Publicado em 11/10/2012 no Jornal Diário da Manhã