Aos poucos incorporamos ao nosso vocabulário palavras que, mesmo não sendo novas ou desconhecidas, vêm carregadas de novos conceitos. Exemplo disso são as palavras portabilidade e acessibilidade. A primeira dá conta de problemas relativos aos aparelhos celulares e a segunda, trata do acesso a prédios, repartições publicas, locais de lazer e de cultura, igrejas, escolas, enfim, locais que interessam a todas as pessoas. Torna a cidade um lugar onde todos podem transitar, o que pressupõe que as ruas e as praças sejam organizadas de tal sorte, que cegos, cadeirantes, engessados, idosos e doentes consigam chegar até o lugar que lhes interessa, com facilidade.
A acessibilidade é um direito de todos e de todas e, sendo um direito, deveria ser respeitado e exigido também por todos. Não deveríamos ter que caminhar de cabeça baixa para cuidar dos buracos, reentrâncias, pedras soltas, rampas para carros, bueiros mais baixos do que a calçada, ou mais altos, armadilhas construídas deliberadamente para dar prioridade a alguma coisa que não seja o ser humano. Os carros são muito melhor tratados do que nós, pois merecem que a calçada seja erguida ou baixada ao bel prazer do seu dono. Há armadilhas em todos os lugares, chegando-se ao cúmulo de, ao construir-se uma rampa, tenha-se que construir degraus para quem passa pela calçada.
O proprietário de um imóvel deve respeitar o plano diretor e a prefeitura deve fiscalizar o que e como o proprietário faz na sua propriedade, no que diz respeito ao espaço comum. A condescendência ou a preguiça dos gestores municipais compromete a saúde dos cidadãos, a liberdade de locomoção, a capacidade de ir e vir, pressupostos da democracia.
Não respeitar a acessibilidade, portanto, é algo grave, pois tolhe e limita a ação humana. Mesmo em tempos em que a palavra limites está na moda, nenhum de nós quer ser menos do que pode ser, nem fazer menos do que pode fazer, por causa de algo tão menor e tão fácil de ser resolvido.
Todos nós queremos apreciar a natureza, sentir o vento batendo no nosso rosto, olhar e sorrir para as pessoas, e, mesmo assim, chegarmos à casa inteiros, felizes. Nós merecemos isso, não é?
Nenhum comentário:
Postar um comentário