quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Nova paixão

O cotidiano faz com que passemos os dias com a sensação de que não aconteceu nada, mesmo que realizemos muitas coisas. Tornar nosso dia a dia interessante é um desafio e é o que proponho a mim mesma o tempo todo. O mundo se nos apresenta novo a todo momento e ignorar isso é acomodação. Ter uma vida interessante é olhar para os lados, observar pessoas, comportamentos, entender a dinâmica frenética da cidade, que muda no trânsito, na arquitetura, no clima, nos sons. Acompanhar o ritmo da vida implica em ficar atenta e não abrir mão das paixões que nascem, sem que esperemos. Outro dia, olhei para o Diego, meu amigo de tantos anos e que organizou meu primeiro livro com tanto entusiasmo, e fiquei louca pra ter a sensação de ter isso de novo. Ao propor a ele um livro novo, vi reluzir em seus olhos um furor, uma paixão pelo projeto, que me surpreendeu. Não fiquei surpresa pelo entusiasmo dele, que isso é sua característica, mas pelo fato de ser comigo, que tenho projetos tão alheios à sua formação filosófica. Sou alguém que escreve o prosaico, o óbvio, a vida como ela é, sem firulas e devaneios românticos, nem tão filosóficos, embora, reconheço, dou umas investidas nesse sentido. Contar com o Diego é muito bom e me empurra, me instiga a fazer algo lindo, o mais lindo que eu possa, para que meu novo livro seja minha nova paixão. Chamo de paixão as utopias que movem minha vida, que pretendo sempre nova, sempre inquieta, sem pretender ser jovem, mas com o vigor da juventude. O vigor físico é uma limitação que não lamento, por ser natural, assim como não ligo para as modificações que a idade traz e que são visíveis a cada vez que me olho no espelho. Eu estaria com sérios problemas se minha idade não fosse visível e sensível, pois não seria uma pessoa normal. Mas o vigor necessário por me apaixonar por projetos de vida, isso não quero perder nunca e meu novo livro acena para mim, lá em março, quando o Diego e eu virmos um objeto inanimado conter o trabalho cheio de dedicação por parte dos dois. Esse objeto ganhará vida no momento em que entrar em contato com pessoas, quando ele entrar nas estantes da casa de amigos, quando for percorrido por olhos generosos. O intuito de quem escreve é ser lido, então lá vai mais um projeto para o prelo, o que será bom, muito bom.  

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