quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sobre respeito e autoridade


O incidente polêmico que envolve um adolescente pichador e uma professora merece algumas considerações com o intuito de ajudar a arrefecer os ânimos.

A professora é uma autoridade e uma referência dentro e fora da escola. Cabe a ela desempenhar o papel de adulto educador, capaz de tomar atitudes que ajudem os educandos a se conduzirem de forma adequada e civilizada. Atitudes que não condizem com estas prerrogativas deixam crianças e adolescentes à deriva, sem capacidade de assimilar os valores necessários a uma boa convivência social.

Um adolescente tem capacidade de entender quando é chamado a assumir seus atos, o que inclui a reparação dos danos que ele causa, não só ao patrimônio, mas a tudo e a todos. Danificar coisas, maltratar pessoas e animais, são atitudes de desrespeito que devem merecer especial atenção da parte dos adultos que cuidam e educam crianças e adolescentes. Uma atitude atenta pressupõe disposição para ajudar e para cobrar, o que não significa punir.

A cobrança por parte da professora para que o menino repintasse a parede foi correta em parte, pois deveria ter sido firme, respeitosa e só. O que se espera de um adulto numa hora destas é maturidade. A autoridade só se estabelece se ela é outorgada a alguém, reconhecida. Uma autoridade imposta por ameaças e xingamentos não se concretiza, mas fica esvaziada por conta do destempero, compreensível até certo ponto.

Uma professora executa a mais nobre das tarefas e a mais difícil também. Cuidar dos jovens requer um equilíbrio fora do comum e, para tanto, a professora deve ser cuidada adequadamente. Uma professora não deveria ter que pintar paredes, já que o lugar onde executa suas tarefas é de responsabilidade do Estado e ele deveria zelar pelo bem estar de seus trabalhadores; não deveria ser mal paga, para que sua carga horária não tivesse que ser tão grande; deveria ter educandos devidamente preparados para o exercício do respeito, da cidadania, para que não tivesse que exercer as prerrogativas dos pais, muitas vezes omissos e ausentes; e, deveria ser alguém cujo valor fosse reconhecido pelos gestores, a ponto de proporcionar-lhe tranqüilidade, material adequado, oportunidades de aperfeiçoamento e um lugar digno, limpo, bonito e agradável para trabalhar.

Quanto ao pai do menino pichador, entendemos sua indignação, pois ninguém suporta ver o filho ser xingado, porém, a parede foi repintada por quem deliberadamente a estragou e pai não tem que ajudar um filho nestas circunstâncias. Pai tem que dar exemplo, tem que ser firme e exigir que seu filho seja alguém que saiba o que é respeito e isso é uma grande coisa, mesmo que quase em desuso.

Aprendamos pois, por que é tropeçando que vamos percorrendo o caminho da educação, que é permanente e é feito por muitos atores. Nele não pode haver omissão, pois, na falta de um ator, outros ficam sobrecarregados e outros ainda, mal cuidados.

Atire a primeira pedra quem nunca se destemperou, quem nunca ficou desesperado, quem nunca ficou desesperançado frente a situação das escolas. O que queremos é dar nossa solidariedade à professora Maria Denise Bandeira e a tantos outros que realmente se importam com nossos meninos e meninas. As paredes conseguem ficar novinhas de novo, mas as pessoas envolvidas podem ter que carregar cicatrizes para sempre.

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