
Trocar idéias é o principal mote deste blog. A possibilidade de interação entre mim e os leitores é algo que me mobiliza, me encoraja e instiga a continuar escrevendo. Mas isso não basta, quero dialogar ao mesmo tempo em que quero monologar, construindo uma base para por em ordem meus pensamentos, em forma de desabafo, em forma de registro, em forma de comemoração, em forma de lamento. Convido-os a que me visitem às vezes, que opinem sempre, que vivam comigo coisas parecidas com ss suas.
quarta-feira, 24 de março de 2010
Espetáculo de danças Deborah Kolker

sexta-feira, 19 de março de 2010
Amigo doente
segunda-feira, 8 de março de 2010
Quem é a mulher que trabalha?
Primeiro quem saiu de casa foi o pai, engolido pela indústria, ficando o cuidado da casa e dos filhos para a mãe. Em seguida saiu a mãe, para cumprir horários fabris, em detrimento do que queria e sabia fazer, que era o de cuidar dos filhos, fazer a comida e cuidar da casa.
Mas, muitas mulheres têm como modelo a própria mãe levantando cedo para trabalhar na lavoura, não sem antes servir o café, tirar leite, deixar a roupa ensaboada, para retornar no horário de maior calor, começar o almoço, torcer a roupa, almoçar com o marido e os filhos e, enquanto o marido descansava do trabalho na roça, lavar a louça e pendurar as roupas no varal; ou, uma mãe urbana, sobrecarregada e submissa, insatisfeita com sua condição de dependente do marido; ou, uma mãe mal paga para ensinar gerações e gerações, cuja frustração nunca escapou da família.
As mulheres a partir daí são divididas em duas categorias: as que trabalham fora e as que não trabalham. De trabalhadoras nas fábricas, elas alçaram outros voos e tornaram-se importante mão de obra em todos os setores e com muito sucesso. Não é mais possível prescindir do trabalho cada vez mais qualificado das mulheres, o que nos orgulha sobremaneira. Elas são as que trabalham, coisa que se ouve e se diz comumente.
As mulheres que não trabalham são aquelas que optaram e optam por cuidar da casa, dos filhos e essas deveriam ser remuneradas pelo Estado, pois não necessitam de creches, fazem a comida todos os dias, seus filhos raramente precisam ser internados e ajudam as crianças nas tarefas escolares. São as que levam os filhos à escola e os buscam, não sem antes conversar com a professora.
A primeira categoria de mulheres faz das tripas coração para conseguir conciliar sua vida profissional, familiar e social. Cumpre jornadas de trabalho inimagináveis e consegue equiparar-se ao homem no quesito stress e doenças cardíacas. São heroínas.
A segunda categoria foi desqualificada quando a casa, o lar, deixou de ser fonte de renda para tornar-se somente moradia da família. O trabalho da casa tornou-se “coisa de mulher”. Não é raro encontrarmos mulheres frustradas por não encontrarem o reconhecimento da sua importância na sociedade.
A verdade é que as mulheres sempre trabalharam, e muito. O fato de ganharmos menos do que os homens, mesmo trabalhando muito mais é um grande equívoco e motivo de violência. Muitas mulheres agredidas pelos homens suportam a situação por não conseguirem ganhar o suficiente para livrarem-se de seus agressores.
Não deveríamos ter um dia dedicado às mulheres, pois elas fazem jus a que todos os dias sejam delas, dado à crucial relevância de seu trabalho, sem o qual não existiríamos mais como humanidade.
Publicado no Diário da Manhã de 06/03/2010