quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Acho que estou grávida. Isto quer dizer que estou prenhe, plena, o que coincide com o que estou sentindo, depois de saber que serei vovó de novo. É estranho o sentimento de saber-se mãe de uma filha grávida. É um misto de alegria, de temor, de compartilhamento, sei lá. Saber que minha filha sentirá tudo o que senti, tudo o que vivi por tantas vezes, faz-nos, a mim e a ela, penso, algo parecido com cúmplices. Aquelas coisas de mãe, que a gente não consegue explicar, por mais que se tente, agora será compreendido, será perdoado, será mais um ponto de união. Filhos não trazem só alegrias, sei, trazem medo, angústia, ansiedade, fazem de nós fêmeas furiosas ao primeiro sinal de perigo. Filhos trazem consigo cheiros, sentimentos conflitantes, quando ora amamos, ora odiamos a condição de escravas daquele bebê tão exigente, tão dependente, mas tão cheiroso e macio. Às vezes temos a sensação de não vivermos mais nossa própria vida, para depois compreendermos que agora sim estamos vivendo, que nunca mais seremos o que éramos e que ninguém tem licença para mudar nossa condição de mãe daquela criança. Sofremos com os afastamentos, mesmo os festivos, mesmo os necessários, pois temos a certeza de que são parte de nós, para logo compreendermos que estão se desprendendo, com desenvoltura, adotando o papai como parceiro, a vovó como confidente, os amigos e amigas como parte da vida deles. Compreender que os filhos não são nossos, é tarefa mais difícil do que ensinar a usar o banheiro, que largar do bico, que ter hábitos de higiene, que tratar com respeito a todas as pessoas. E é por largarem de nós, que tornam-se, eles próprios, pais de outras crianças, a quem vamos amar de forma desmedida, destemida e larga, muito larga. Estou absolutamente comovida, a ponto de não poder olhar pra minha filha grávida, sem chorar. Obrigada, minha filha! Obrigada meu genro, por cuidar tão bem daquela que eu já pensei ser só minha e que agora está confiada a ti, mesmo que ela tenha passado a vida mostrando ser dona do próprio nariz. Como somos gente, necessitamos viver em grupo e como somos mamíferos, necessitamos viver em ninho. Sei que vocês estão preparando um ninho muito acolhedor pra esse bebê, que será lindo!

4 comentários:

Gabriele disse...

Que legal Sueli! Felicidades para sua família!

Sueli disse...

Obrigada, Gabi!

Unknown disse...

Meu primeiro comentário... uhuuu
Compartilho a tua emoção, essa criança será maravilhosa, assim como a Cecília... meus sobrinhos!!!!!!!!!

Sueli disse...

Obrigada, Rita! Tens que participar mesmo, já que és titia. Bjs