DIÁRIO DE UMA EX-FUMANTE
Há
assuntos que vêm à baila e que mexem conosco. Hoje no Fantástico trouxeram o
projeto de lei que ainda dorme em algum lugar do senado e que se chama Lei da
Palmada. Já discuti este projeto em várias instâncias e sei que nem de longe é
unanimidade.
Ao
ouvir o povo a respeito da palmada lembrei de que há alguns anos era comum
fumar em qualquer ambiente. Tínhamos professores fumantes, colegas fumantes e, apesar de desagradável, não era
estranho o fato de fumarem em aula. Lembro que nunca fui proibida de fumar em
qualquer emprego que tive. Foi
necessário que se fizessem leis para que acabasse a farra do cigarro em lugares fechados.
A
proibição ao cigarro foi contestada, argumentou-se que a lei feria a liberdade
individual, o direito de exercer uma atividade que não causa alucinação, nem
diminuição de capacidades físicas. Pensou-se na época que a lei não “pegaria”.
Ela foi taxada de desnecessária e autoritária.
Há
vinte anos, em todos os lugares havia avisos de Proibido Fumar. Hoje podemos
até nem ver aviso algum, mas incorporamos à nossa vida o que a lei trouxe para
mudar nossos hábitos e nossos conceitos sobre o assunto e vivemos agora com
muito mais limpeza, pelo menos no ar, por que o chão em alguns lugares é um
horror.
Com
a lei da palmada, penso, acontecerá a mesma coisa. A punição física é
perniciosa, ela fere o que uma pessoa tem de mais caro que é sua integridade
física e moral, costuma descambar para a pancadaria e não faz bem nem para quem
bate, nem para quem apanha.
Espero
que daqui a alguns anos a gente possa contar às pessoas que lá por dois mil e
treze as pessoas ainda batiam em crianças e, pior, com o intuito de educa-las.
Espero que as pessoas sabedoras desse fato fiquem muito horrorizadas e não haja
mais necessidade de que conselhos tutelares interferiram no direito que cada
família tem à privacidade.
Sei
que é polêmico o que estou trazendo, mas acredito que há leis civilizatórias e
necessárias quando não conseguimos evoluir sem um empurrãozinho.
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