
Temos que pensar a educação sem cultivar a saudade. Nossos meninos e meninas não são como os meninos e meninas que nós fomos. Tudo mudou e educação hoje pressupõe auto educação. Não podemos educar sem desaprender. Pensar uma escola onde as crianças só balançam as perninhas e levantam a mãozinha pra fazer perguntas é ser, no mínimo, ingênuo e saudosista. Pensar que podemos mandar por que somos maiores, ou por que somos pais, ou por que somos professores, ou por que sabemos mais, é ignorar que o mundo mudou e ignorar que não somos mais os únicos ou principais formadores de crianças e adolescentes. Nossa abrangência em termos de tempo que passamos com nossas crianças está cada vez menor. Os bebês nos escapam desde recém nascidos, frequentando instituições que nos ajudam a criá-los. As crianças são informadas quase que o tempo todo, sem que saibamos de onde vêm as informações. Elas "moram" em frente a um computador, ou em escolinhas, ou em frente à TV, ou tudo isso junto. É impossível controlarmos o que chega aos nossos filhos e filhas. Devemos portanto, pensar a educação nesses tempos e para esses tempos. O que os pais devem fazer é buscar lá dentro de si, os princípios que o amor impõe. A biologia nos dota com mecanismos poderosos que devemos ouvir, assim como nossa psique passa o tempo todo nos "dizendo" qual o caminho mais correto a seguir. A dificuldade é ter tempo para ouvir essas duas dimensões, pois elas necessitam de um exercício de introspecção, ao menos de vez em quando. Nós sempre sabemos do que nossos filhos e filhas necessitam, o que às vezes é doloroso fazer. Esquecemos de exercer o amor que é obrigado a dizer não para muita coisa, que é obrigado a ouvir muito mais do que falar, que não sabe tudo, mas sabe o essencial. O tudo a gente vai aprendendo em pleno vôo. O essencial está escondido dentro de nós e que escancaramos cada vez que nos importamos, cada vez que pegamos no colo, cada vez que afagamos e tentamos compreender o tempo em que vivemos. O aprendizado dos pais não é intelectual, mas de sensibilidade. É sentindo que os pais aprendem, muito mais do que sabendo. Educar em tempos difíceis é aprender a parar e pensar o que nosso amor nos diz. O amor grita e é sábio, muito mais sábio que o aprendizado intelectual. Pais e professores antenados ouvem o que o coração lhes diz e desaprendem e aprendem de novo, num movimento dinâmico que não permite o dogma nem a estagnação.