Piquenique, que coisa boa!
Está
acontecendo um movimento por aqui, que premia nossos mais nobres sentimentos de
compartilhamento da vida. As grandes extensões urbanas para convívio comum
deixarão de ser áreas entregues ao descaso, para tornarem-se de uso para a vida
boa, coisa tão cara à filosofia grega.
É
comum vermos nas grandes cidades do mundo, as pessoas procurarem as praças e
parques para tomar sol, brincar na neve, estender toalhas na grama e promover
um convívio ao ar livre impossível para quem vive confinado em apartamentos. Em
Paris criam até um ambiente de praia, enchendo ruas e ruas de areia, onde a
população leva cadeiras, guarda-sóis e comida.
Pois,
aqui na nossa cidade, há um grupo organizando um piquenique na Praça Tamandaré
para comemorar a chegada da primavera. Fico imaginando a beleza do cenário, a
praça toda bonita e cuidada por uma associação, há tempos, toalhas jogados
sobre os gramados, crianças correndo, comidinhas sendo oferecidas uns aos
outros, numa verdadeira festa de alegria por conviver, não só uns com os
outros, mas com a natureza.
A
vida boa dos gregos é isso! É ter a cidade para o povo, organizada de forma a
que todos tenham acesso a ela. E isto também é democracia, no ótimo sentido da
palavra. O povo não deve adaptar-se à cidade, mas a cidade deve ser organizada
de tal forma, para todos os cidadãos possam usá-la. Daí as lutas por
acessibilidade, por beleza, por segurança.
Imagino
que um evento desses seja o pontapé inicial para uma nova ordem pública, onde o
povo ocupa a cidade, por que a cidade não existe só em função dos carros, mas
ela existe para as pessoas circularem, para as bicicletas, para os skates, para
o lazer. A alegria pode ser a tônica dos finais de tarde, a troca de ideias
também. Isso de sairmos do trabalho e nos trancarmos a chave em casas e
apartamentos gradeados, mortos de medo do que pode vir de fora, tem os dias
contados, pois, isso não aguentamos mais.
Uma
cidade que tem uma avenida principal tão linda quanto a nossa, deve sentir um
orgulho imenso e transformá-la em uma via de circulação de todas as formas de
transporte, seja pelas nossas próprias pernas, o que dá um pique e um bem estar
danado, seja para permitir que se vá trabalhar de bicicleta, o que desafogaria
em muito a circulação de carros, seja para que se faça com que o transporte
público fique mais racional e planejado com inteligência, enfim, temos uma
Avenida Brasil como nenhuma outra. A nossa é a mais larga, com os canteiros
centrais mais amplos e as mais lindas possibilidades.
Vamos
aguardar mais manifestações como a do pequinique na praça, pois não acredito,
que depois de experimentá-lo, consigamos olhar novelas e faustões e iô-iô-iô e tcha-tcha-tcha
com a mesma tolerância de até agora.
Há,
importante dizer, que música alta não será permitida na praça. Ufa!
Publicado no Diário da Manhã de 14/09/2012
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