sábado, 2 de novembro de 2013

Texto publicado hoje em O Nacional

O pai está ocupando a sala da frente, até que enfim!

                No quesito criar filhos, a mãe era naturalmente a protagonista. O pai, provedor, ocupava uma posição secundária, já que homem não amamenta, não tem jeito para segurar alguém tão frágil, precisa descansar, é quem traz comida pra casa. O enredo descrito não está muito, muito lá no passado. Os mais velhos lembram bem de como era necessário cuidar do pai, temer o pai, deixá-lo quieto lá no lugar mais sossegado da casa. Comia-se quando o pai chegava, nem antes, nem depois.
                Estamos assistindo ao nascimento da ternura no coração dos pais daqueles tempos pra cá. Ou será que não é o nascimento, mas está-se dando luzes à ternura no coração deles? Ou as mães estão permitindo o escancaramento da ternura dos pais? Ou os pais estão deixando de lado a vergonha de parecerem piegas, e querem assumir-se como também amorosos?
                O certo é que vivemos uma nova ordem, bem mais bonita. Na edição de 26/10 de ZH, Ticiano Osório conta a trajetória da sua família nos cinquenta e um dias de internação da filha prematura, Aurora. Ele participou ativamente do processo de sucessivos ganhos de peso, de evolução evidente de um quadro perigoso para a normalidade e do susto em levá-la finalmente para casa, com tudo o que isso traz de alegrias e responsabilidades. Piangers, que tem orgulho de ser paizão, escreve em sua coluna sobre o que ele faz no afã de fazer a filha Aurora (outra Aurora) dar gargalhadas, já que ele não entende a vida sem elas. Seu relato da correria dos dois pela casa, Aurora sem fraldas, do xixi no meio da sala, das gargalhadas que isso provoca, deixa qualquer um comovido.
                Pois bem, o fato é que o pai foi alçado a protagonista ou ele alçou-se a esse novo patamar. Ele não é absolutamente um coadjuvante, não mais! Ele cria junto com a mãe e é feliz como ela sempre foi, por que finalmente faz tudo aquilo de apaixonante reservado às mães, que mordem, beijam, apertam, acariciam, cheiram, amam desmedidamente. As mães têm agora um competidor à altura pelos barulhinhos, risadinhas, colos e sonecas a dois, que elas estão encantadas e precisadas de compartilhar.

                Frequentem então a sala da frente da vida, pais, por que este é o lugar que sempre lhes foi reservado, mas agora vocês resolveram ocupar maciçamente. Parabéns aos filhos, por que a chance de serem felizes aumentou. 

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