quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O entregador de jornal

Recebo três jornais todos os dias e, óbvio, eles são entregues por rapazes pilotando motocicletas e usando capacete. Um deles é especial, diferente, simpático.

É agradável levantar cedo e ser cumprimentada com um “bom dia, tudo bem?”, expressão corriqueira, mas que, dita com ênfase, faz um bem danado.

Todos nós temos um trabalho, que pode ser exercido com entusiasmo ou não. Um trabalhador que se move com desenvoltura e alegria, certamente é mais feliz do que aquele que o faz de forma mecânica.

Um jornal não consegue assinaturas baseado na simpatia de seus entregadores, o que eles vendem são notícias, informações. Nunca vi anúncio de venda de jornais, dizendo que seus trabalhadores são alegres e gentis. Portanto, o rapaz do Diário da Manhã que me cumprimenta alegremente quase todos os dias, o faz de graça, por que é assim que ele se sente bem, por que esse é seu jeito. Minha assinatura desse jornal, a partir disso, tornou-se vitalícia, obrigatória.

Imagino que esse comportamento esteja influenciando muita gente, que, como eu, toma café com um sorriso, começando uma corrente de bem estar coletivo. Isso deveria ser adotado como coisa obrigatória. Imagine só. Professores chegando à escola, cumprimentando seus colegas e alunos, desejando um bom dia entusiasmado a todos e todas; imagine uma emergência de hospital, sendo atendida por gente de bom humor, respeitosa, tranqüilizadora; imagine atendentes de lojas, ansiosos por agradar e encontrar o que o cliente realmente precisa; imagine um funcionário público dando informações precisas aos contribuintes, com um desejo genuíno de que ele consiga resolver suas pendengas legais; imagine uma fábrica imbuída em proporcionar segurança e bem estar a seus trabalhadores, cuidando para que, além de procurar um bom desempenho e produtos bem acabados, consiga largar seus operários satisfeitos com o trabalho desempenhado, e, melhor, sem machucados nem cansaço excessivo.

Quero agradecer ao meu entregador, que proporciona aos leitores deste jornal, um dia mais bonito e a esperança de que, a partir do seu exemplo, consigamos ser cidadãos melhores e mais felizes.


Publicado no Diário da Manhã de 30 de setembro de 2010

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