domingo, 12 de dezembro de 2010

Estou arrumando um armário, com o intuito de organizar o que vai ficando por aqui com a saída dos filhos de casa. Encontrei chapas de raio-x, com denúncias de narizes entupidos por adenóides dos cinco filhos, assim como algumas com lordoses, escolioses, pneumonias etc... tudo em pequena escala, sem gravidade. Estou guardando livros didáticos de italiano, inglês, francês, espanhol, alemão, milhares de CDs, para o quais não conheço destino, muitos dos quais sem indicação do que são. Sobre Direito, guardo livros, xerox, projetos de monografias, cópias de monografias, quadros de formatura, fotos, o diabo. Adorei encontrar meus cadernos da faculdade de filosofia, folhas, manuscritos, provas, milhares de xerox dos livros de Foucault, uma delícia. Enfim, estou voltando no tempo e pensando no que posso separar e obrigar os filhos a levar para casa, afinal, não tenho tanto espaço assim. Nos interstícios de toda essa produção dos filhos, estão faltando aquelas estrelinhas, aqueles "amei" que vejo nos trabalhos da Cecília, as tentativas de escrever direitinho, mas tenho os cartõezinhos e os bilhetes cheios de amor que fui ganhando ao longo da vida. Aquele armário depois de arrumado conterá o suor, as lágrimas, as dúvidas, os avanços, as conquistas de todos nós, que nos esforçamos por construir uma vida que não foi e não será fácil e justamente por isso foi, é e será tão rica. Vale muito a pena essa retrospectiva que não é melancólica, mas a constatação de que vivemos de verdade.

Um comentário:

Carolina Zimmer disse...

É ótimo fazer arrumação. Uma verdadeira viagem no tempo e nas lembranças que sempre nos provam que tudo valeu a pena. Bjs