quinta-feira, 19 de junho de 2008

Precisava tanto?

Ontem tive a sensação de estar retrocedendo ao ler as notícias acerca do que fizeram com o movimento sem-terra. Deu pena ver aquela gente toda impotente frente ao aparato policial deslocado aos acampamentos miseráveis, ocupados quase só por mulheres, crianças e velhos. Doeu ver que se deixaram levar para outro lugar, crianças ao colo, arrastando atrás de si alguns utensílios, talvez o que conseguiram agarrar na hora. O que entristece mais é saber que não existe lei que garanta nada pra eles. O fato de passar fome não comove a lei. O que comove a lei são os bens materiais. Não se pode tocar em terras dos outros, nas jóias dos outros, nas cadeiras dos outros que isto está assegurado pela lei. O fato de não ter o que comer e onde morar não significa nada para a lei. No caso dos sem-terra, não basta mais terem seus direitos violados todos os dias, agora são tratados como se fossem terroristas do tipo as FARC na Colômbia. A imprensa falou que encontrou armas nos acampamentos e encontrou mesmo: algumas facas, umas curtas e outras longas, alguns machados, algumas foices e dois rifles. Um perigo para aquelas centenas de soldados armados até os dentes. Não faltou uma ironiazinha de um jornal em sua manchete: Polícia endurece "sin perder la ternura". Triste, não?

2 comentários:

Adriana Gehlen disse...

eu não tinha pensado por esse lado ainda, acho que antes de ler isso eu tbm era meio fria em relação a vida dessas pessoas.
quando dormiremos debaixo de lonas no frio por meses aí vamos saber como é ... triste mesmo.

e vai em frente com o blog Su! :)
vou colocar o link lá no meu :)

Anônimo disse...

Oi Su...
Muito legal vc criar um espaço para se desafiar e proporcionar debate e "pontes de vistas" (não pontos, pois ponto é algo que tem um fim, mas pontes, para nos ligarmos através de nossas idéias, sejam iguais, concordantes ou não).
Sobre o tema polêmico que vc expôe, apenas ressalto que vejo isto como uma espécie de cães de guarda, eles tem um serviço só, proteger o 'patrimônio', não identificando nada mais, pois o dono do patrimônio é que lhes dá o sustento.
Bjo.
Edson