sábado, 7 de novembro de 2009

Feira do Livro – um acontecimento!


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Participar de uma feira do livro é um acontecimento. Encontram-se ali pessoas com os mais variados interesses, desde as que devoram livros até as que estão lá por causa de um único exemplar de que estejam precisando. Há ainda pessoas que, angustiadas, procuram solução para seus problemas entre as letras dos livros de auto-ajuda, ou estudiosos vorazes atrás de livros técnicos com preços mais em conta.

Gosto de ver os garimpeiros, aqueles que fuçam os cestos, lêem lombadas, orelhas e preços, pois nunca levam poucos livros pra casa. Geralmente são curiosos demais, não sabem muito bem o que querem e percorrem tenazmente estande por estande com um sorrisinho característico na boca. Cada achado é uma vitória. E vá fuçar, enquanto acumulam sacolinhas incômodas, que insistem em cortar a circulação dos braços. Esses levam os filhos consigo e trocam idéias com eles, com o intuito de passar adiante a paixão que cada livro desperta. São eles que compram presentes em livrarias, quase nunca em shoppings. São esses os que lêem antes de dormir, não só para que os filhos durmam, mas para servirem de ponte entre as crianças e os livros. Eles sabem que essa atitude significa um legado para o futuro.

Gosto de ver as pessoas que compram ficção, por que essas são empolgadas, enxergam-se nos personagens, elaboram seus conflitos, constroem bases novas para suas vidas. Os romances têm capacidade de proporcionar uma catarse para os sofrimentos humanos, na medida em que retratam uma época, passível de ser transposta para a nossa e projetam sempre um de final feliz.

Amo os relatos de viagens, pois nos transportam para lugares que não conhecemos e a lugares onde já estivemos e para os quais tivemos um olhar diferente. Relatar uma viagem é um exercício de generosidade, pois compartilha experiências subjetivas e instiga-nos a percorrer caminhos desconhecidos.

Na feira do livro não encontramos os indiferentes, a não ser que, de tão entediados, a frequentem por falta de algo melhor a fazer. Esses nem sabem que a biblioteca da escola de seus filhos seja um mero depósito de livros, onde não existe paixão, onde não existe ponte, onde não existe um intermediário competente entre seus filhos e os livros.

Caminhar entre os estandes e saber que daqui a pouco vai chover, ou vai ventar forte, ou vai fazer um calorão, fazem parte da aventura de participar de feira do livro aqui no sul, onde tudo é charmoso, até o clima. Duvido que alguém não tenha corrido como louco, sacolas em punho, em busca de abrigo. Um charme!


Publicado em O Nacional em 12/11/2009

3 comentários:

Adriana Gehlen disse...

Um charme! Falaste bem.
Minha boca não fica fechada em frente aquelas estantes e bancas. Ai, a gente se enche de alegria, mesmo tímida.

Sueli disse...

Eu sabia disso! Somos muito parecidas mesmo, parecemos mãe e filha. Bjs

Anônimo disse...

Que chic! Na bienal que teve aqui esse ano, comprei livros de bebê pra Bianca já ir se familiarizando. Até livro pra banho tinha, acredita tia? Que bom né?! Comprei esse pra ver se Bianca toma banho sentada vendo o livro, mas que nada, ela "lê" o livro de pé mesmo! auhahuahua mto danada! E ela vendo a mãe e a dinda lendo, acredito que seja um grande estimulo também! :D