terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ansiedade

Tenho suportado bravamente um mal-estar que me atormenta. Quem me conhece pergunta invariavelmente o que me falta e por que estou tão ansiosa. Não consigo responder, o que me torna uma pessoa privilegiada, porém profundamente afetada por sintomas que reputo insuportáveis. Acordar no meio da noite com sensação de morte, sem capacidade de dar um passo, sentindo a boca seca, as extremidades amortecidas e um turbilhão concentrado no meio do peito, é algo que me amedronta. Esse turbilhão, parecido com água em movimento é o grande pavor de um quadro desses. Tem-se a nítida sensação de estar tendo um ataque cardíaco. A consulta ao psiquiatra é imperativa, já que não há como escapar de tomar remédios. Sei que terei que me submeter a uma psicoterapia, com todos os requintes de abrir porões, baús e gavetas emocionais. Imagino-me sentada de novo, tentando desvelar minha alma para uma pessoa desconhecida, porém super preparada para encarar o torvelinho de angústias e situações mal resolvidas que ficaram lá no passado e que, subitamente surgem e mostram que o bicho não é tão feio quanto a minha imaginação elaborou. A cada sessão deixa-se algo que já morreu dentro do consultório e isso nos liberta aos poucos. Por vezes deixei vários cadáveres que eu imaginava ficassem lá, sólidos a ponto de ocuparem um espaço. Com o tempo entendi que a sensação de deixar algo para trás, dizia respeito ao alívio de ter abandonado algo que me incomodava e que só ocupava um espaço incômodo dentro de mim. Mas, abandonar antigas crenças, antigos fantasmas é traumático. O que me impede de correr de novo ao consultório da minha psicóloga é o medo de deparar com coisas de que não gosto de lembrar, com o trauma de ter que purgar algo que faz parte de mim a tanto tempo, que pensava fosse normal ficar grudado à minha maneira de ser. Penso que ser livre é alguma forma de auto perdão, é alguma forma de perdoar e elaborar o passado e para isso preciso de ajuda. Meus porões, minhas gavetas e baús já não estão mais tão atulhados, mas estão merecendo uma boa faxina.

6 comentários:

Adriana Gehlen disse...

os meus porões então...
ando ansiosa também.

Sueli disse...

Cuide-se! Estou aqui pra conversarmos. Trocar figurinhas ajuda. Bjs, querida filha postiça...

Unknown disse...

Olá Sueli.
Bela descrição dos sintomas. Apesar de os sintomas não serem agradáveis, ao menos consegues fazer com que sejam purgados pela literatura.
Tenho medo de psicoterapia. Tenho medo de perder um pouco de mim. Os remédios, apesar de caros e incômodos, são como bilhetes de passagem para mais um dia de transito pelo mundo, pelo meu mundo. Apesar de compartilhar das suas inquietações, as tormentas, as fraquezas... mesmo assim, penso que tudo isso nos faz viver ao extremo e sentir tudo em máxima amplitude. A vida do corpo, a atividade orgânica me ensinou que a razão não é senhora de tudo, pelo contrário, muitas vezes os pensamentos parecem brotar da brutalidade das sensações.
Abraço.

Sueli disse...

Penso como você, neste sentido. Só pessoas intensas vivem perigosamente, no limite da loucura. Obrigada pelo lúcido (louco) comentário.

Anônimo disse...

aahuahuauhahuahu "lúcido(louco)" comentário mesmo! Dá-lhe faxina tia, tem q por tudo de ruim pra fora meeesmo! Tem muitas outras coisas boas e melhores querendo entrar ainda nesse espaço! :D
beijooos
Xanda!

Sueli disse...

Meu espírito está aberto para receber as tuas palavras tão gentis e sábias. Nunca faltará espaço dentro de mim para receber tanto carinho, por que isso cura, aquece, faz crescer. Obrigada!