domingo, 19 de outubro de 2008

Festa boa, muito boa!


Comentei esta semana com uma amiga, o fato de não nos envolvermos mais em preparativos de festas. Há uma indústria que toma para si todas as preocupações e ocupações que uma festa, de qualquer porte, necessita. Contrata-se um(a) promoter e o resto é por conta desse novo profissional, que, parece, não é tão novo assim, eu é que andava meio desatualizada. Mas, comentando com minha amiga, a mãe do noivo da festa de ontem, que há umas poucas décadas, uma festa era sinônimo de trabalho insano. Tinha-se que fazer tudo, da comida às lembrancinhas, isso sem falar na limpeza do lugar. A civilização vai acontecendo na nossa frente sem que percebamos as sutilezas e quando nos damos conta, as coisas mudaram e nós estamos inseridos em uma nova forma de viver, queiramos ou não. As festas infantis é que começaram a me espantar, pelo fato de ter frequentado muitas, com cinco crianças sendo convidadas sistematicamente por anos. Quase não percebi quando as festas passaram a ter obrigatoriamente um tema. Ao planejarmos uma festa ela tinha que ter um nome, uma cara, um tema e aí tudo girava em torno disso. A contratação de recreacionistas foi um choque pra mim, pois percebi que os adultos não necessitavam mais cuidar de seus filhos em festas, havia gente que o fazia. Tânia Zagury, uma filósofa e educadora, em um de seus livros sobre como educar filhos, fala sobre essas festas planejadas, no sentido de alertar os pais de que estariam perdendo uma chance preciosa de educar seus filhos. Ela fala a respeito da foto em volta da mesa, dizendo que todas as mães conseguem o milagre de encaixarem seus filhos em volta do aniversariante para que saiam na foto do bolo com velinhas. Tirada a foto, os mais afoitos pegam os brigadeiros, mesmo antes da autorização para fazê-lo e enchem a boca com eles. Os que os anjinhos não conseguem comer, eles colocam dentro de copos descartáveis e os levam às mães para que ela guarde para depois. E as mães guardam... As mães sabem que as crianças comem demais em festas e que aqueles brigadeiros não vão ser comidos, mas guardem assim mesmo, quando o comportamento deveria ser outro. Segundo Tania, as mães e pais, ao invés de procurarem outros adultos em festas infantis, deveriam ficar atentos ao comportamento social de seus filhos, no sentido de ensinar-lhes regras fundamentais de convivência humana. Por exemplo: os brigadeiros não podem ser retirados da mesa antes da hora certa e quando os donos da festa derem o sinal; não se deve pegar mais do que se vá comer, pois com isso, haverá falta para os que não são tão afoitos assim; não se leva nada para casa que não seja nosso. Parecem-me regras elementares e óbvias, mas que precisam ser ensinadas e observadas se quisermos que sejam incorporadas como valor. Só conseguimos reconhecer valores que são vividos, se são regras que valem para todos, principalmente para os meus filhos e para mim. O que acontece se não observarmos isso que é fundamental? Continuaremos vivendo situações ambíguas do tipo: economizar luz é necessário, mas no meu caso... não se pode jogar lixo na rua, mas hoje, no meu caso... As festas são sim uma ótima oportunidade de exercitarmos nossa cidadania, sejam elas organizadas por profissionais ou não. Estamos tão melhores neste mister que, na mesa de festa que visitarmos, encontraremos quem comente que não está bebendo por que vai dirigir. Ótimo! E viva a civilização! E viva quem promove uma festa linda como a de ontem! E viva quem me convida para uma festa tão linda!

Um comentário:

Unknown disse...

Que saudades dos preparativos para as festas de aniversário, onde nos reuniamos para enrolar "negrinhos" e depois devorá-los na festa...minha festa de 15 anos foi toda feita pela minha mãe e tias...que exemplo de " a união faz a força" hehehe
É,hoje ainda comentei com o Gerson sobre locais para festas infantis, onde os pais "largam seus filhos" e vão buscá-los mais tarde..nem chegam a fazer parte da festa..muito triste...aproveitam esse tempo para uma "folga" dos filhos..que horror..eu ouvi isso!!