sábado, 25 de outubro de 2008

Uma das muitas formas de preconceito



Faz um tempo que sabemos da existência de jovens emo, que se caracterizam por usar roupas diferentes, de preferência pretas, maquilagem preta nos olhos, tanto por parte dos meninos como das meninas, uma franja farta jogada sobre o rosto e um comportamento estranho pautado por grande sensibilidade.
Se observarmos bem, podemos constatar tratar-se de pequenos grupos que ficam sós, isolados dos demais, numa demonstração de que existe algum estranhamento entre os “diferentes” e os “iguais”. Talvez possa-se dizer que existe um estranhamento entre os “normais” e os nem tanto, como sempre vimos acontecer.
Se pesquisarmos sobre essa nova forma de manifestação juvenil, veremos que ela é totalmente pacífica e o estranho na verdade é o fato de serem extremamente sensíveis, o que é inusitado em tempos de individualismo e busca do prazer imediato. Trata-se de meninos e meninas que encontraram uma forma de expressão e estão sendo punidos, geralmente por outros da mesma idade, massificados e vestidos de acordo com o que a propaganda manda.
Nós que permitimos que pessoas sejam isoladas, somos tão responsáveis quanto os que o fazem ostensivamente. Já assistimos a sofrimento demais para que continuemos a ser coniventes com o preconceito contra qualquer pessoa, contra qualquer grupo, contra qualquer povo. Toda vez que a liberdade de expressão é cerceada, damos um passo atrás no nosso processo civilizatório.
Os pais e os professores têm, de forma intrínseca à condição de educadores, a tarefa de mediarem esses conflitos e de pacificarem-nos. Não devem permitir, muito menos alimentar comentários sobre pessoas, que possam desqualificá-los e colocá-los em risco de discriminação e isolamento. Devem defender o direito de todas as pessoas de se manifestarem, de serem como são, o que representa um dos conceitos de direito mais bonitos que a civilização conquistou a duras penas: o direito a ser diferente, o direito à inclusão.
Não há forma melhor de pacificação das nossas relações humanas, do que usarmos todos os nossos sentidos para observar, para detectar e para corrigir as manifestações de preconceito com que deparamos. Devemos usar o amor que temos pelos nossos filhos e alunos para ajudá-los a olhar para o outro como alguém que pode ensinar, assim como aprender. Nossos meninos e meninas devem ser orientados a perguntar intimamente, quando encontram alguém diferente: - O que eu posso aprender com você? – O que você pode aprender comigo?
E nós, pais e professores, os grandões e sabichões, não temos que “normalizar” ninguém, pelo contrário, devemos incentivar e ver a riqueza da diversidade.
Publicado no dia 26/10/2008 no Jornal Zero Hora
Publicado no dia 27/10/2008 no Jornal O Nacional
Publicado no dia 28/10/2008 no Jornal Diário da Manhã

4 comentários:

Adriana Gehlen disse...

pois é, eu tenho um certo preconceito tb. haha. mas curti a forma como tu colocou o assunto.
e parabéns pelo texto publicado :)
besos!

Andreia disse...

simplesmente AMEIIIIII
Ouço mto falar em emo... é um assunto em alta pelas meninas... como diz a Érika, mãe fulano é emo, as músicas do Fresno são emo, fulano gosta de músicas emo.... lendo teu texto entendi um pouco mais sobre esse assunto tão falado pelas minhas meninas e suas amiguinhas.
Beijão

JESSICA FROSI disse...

O TEXTO E MUITO BOM...SOU ROQUEIRA E APAIXONADA POR EMOS...
E EU ACHO QUE A SUELI E MINHA PARENTE,POIS EU TBM SOU FROSI...
E SUELI VC ESCREVE SUPER BEM...PARABENS!!!

Sueli disse...

Jessica, obrigada! Gostei do teu comentário e quero conhecê-la para verificar se somos mesmo parentes. Continue comentando meu blog, o que para mim é uma honra. Bjs