terça-feira, 30 de setembro de 2008

Mal estar


Sente-se perfeitamente no ambiente quando não somos bem recebidos. O mal estar que se estabelece é algo concreto, quase visível. Em família isso é mais do que sensível, já que as pessoas se conhecem de longa data. Estou falando da família ampliada, já que na nuclear não há como disfarçar, pois vive-se grudado e os conflitos são vividos, não só sentidos. Na família ampliada é difícil disfarçar as animosidades, as fofocas, as coisas do passado que continuam a assombrar seus membros, mesmo muitos anos depois que fatos desagradáveis aconteceram. Amadurecemos desde que fomos concebidos e o processo não pára. Nossa maturidade nunca está pronta e costumamos nos culpar por atitudes que tomamos, sem levar em conta que, no momento em que as tomamos, era o melhor que podíamos, o melhor que tínhamos a oferecer. Usar atitudes do passado, carregados de emoção e de imaturidade para embasar o presente, é muito perigoso. Acusar aos outros ou a nós mesmos pode causar estragos irreparáveis. Por isso, nós os pais, devemos adotar políticas familiares que sejam avessas em contar fatos desagradáveis acerca da família, por que ao fazê-lo provocamos rejeição e pré-conceitos que prejudicam o que reputo da maior importância: o respeito que devemos ter por avós, tios e primos, por representarem a nossa história. O crime de desacreditarmos pessoas, de desqualificarmos pessoas é um desserviço ao crescimento saudável dos nossos filhos. Os filhos devem ser pessoas com boa auto-estima, com um potencial afetivo que seja visível na forma de atitudes gentis e confiantes. Todos os pais querem que os filhos sejam socialmente aceitos e isso tem um preço. O preço é olharmos com generosidade para o passado, é nos perdoarmos do que fizemos e que hoje não faríamos mais, é perdoar o que fizeram conosco, pois isso não podemos mudar. Considero crime contar mentiras e denegrir imagens que poderiam ser importantes para a estruturação dos nossos filhos e que, se não são, foram destruídas de alguma forma. Temos só uma família de origem e é difícil para todos conviver com ela pela vida afora sem que se tenha que abrir feridas que já fecharam, sem que se abram novas feridas. Penso que a gente diminui os estragos, preservando os filhos de ver feridas abertas, permitindo que, se inevitável, vejam somente cicatrizes.

Um comentário:

Unknown disse...

Família: primeiro e principal espelho que nossas crianças possuem para sua formação de caráter, valores e princípios!!!
Muito profundo este texto...
Bjo
Cláudia