Sente-se perfeitamente no ambiente quando não somos bem recebidos. O mal estar que se estabelece é algo concreto, quase visível. Em família isso é mais do que sensível, já que as pessoas se conhecem de longa data. Estou falando da família ampliada, já que na nuclear não há como disfarçar, pois vive-se grudado e os conflitos são vividos, não só sentidos. Na família ampliada é difícil disfarçar as animosidades, as fofocas, as coisas do passado que continuam a assombrar seus membros, mesmo muitos anos depois que fatos desagradáveis aconteceram. Amadurecemos desde que fomos concebidos e o processo não pára. Nossa maturidade nunca está pronta e costumamos nos culpar por atitudes que tomamos, sem levar em conta que, no momento em que as tomamos, era o melhor que podíamos, o melhor que tínhamos a oferecer. Usar atitudes do passado, carregados de emoção e de imaturidade para embasar o presente, é muito perigoso. Acusar aos outros ou a nós mesmos pode causar estragos irreparáveis. Por isso, nós os pais, devemos adotar políticas familiares que sejam avessas em contar fatos desagradáveis acerca da família, por que ao fazê-lo provocamos rejeição e pré-conceitos que prejudicam o que reputo da maior importância: o respeito que devemos ter por avós, tios e primos, por representarem a nossa história. O crime de desacreditarmos pessoas, de desqualificarmos pessoas é um desserviço ao crescimento saudável dos nossos filhos. Os filhos devem ser pessoas com boa auto-estima, com um potencial afetivo que seja visível na forma de atitudes gentis e confiantes. Todos os pais querem que os filhos sejam socialmente aceitos e isso tem um preço. O preço é olharmos com generosidade para o passado, é nos perdoarmos do que fizemos e que hoje não faríamos mais, é perdoar o que fizeram conosco, pois isso não podemos mudar. Considero crime contar mentiras e denegrir imagens que poderiam ser importantes para a estruturação dos nossos filhos e que, se não são, foram destruídas de alguma forma. Temos só uma família de origem e é difícil para todos conviver com ela pela vida afora sem que se tenha que abrir feridas que já fecharam, sem que se abram novas feridas. Penso que a gente diminui os estragos, preservando os filhos de ver feridas abertas, permitindo que, se inevitável, vejam somente cicatrizes.
Trocar idéias é o principal mote deste blog. A possibilidade de interação entre mim e os leitores é algo que me mobiliza, me encoraja e instiga a continuar escrevendo. Mas isso não basta, quero dialogar ao mesmo tempo em que quero monologar, construindo uma base para por em ordem meus pensamentos, em forma de desabafo, em forma de registro, em forma de comemoração, em forma de lamento. Convido-os a que me visitem às vezes, que opinem sempre, que vivam comigo coisas parecidas com ss suas.
Um comentário:
Família: primeiro e principal espelho que nossas crianças possuem para sua formação de caráter, valores e princípios!!!
Muito profundo este texto...
Bjo
Cláudia
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