sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Violência contra crianças e adolescentes


Participei ontem na UPF da VI JORNADA ESTADUAL CONTRA A VIOLÊNCIA SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. O intuito da audiência pública era o de sensibilizar principalmente o público acadêmico, futuros profissionais que trabalharão pela sociedade, a fim de que se mobilizem e tenham um novo olhar sobre a violência cometida contra criaças e adolescentes. Certamente que, conhecendo a realidade e sensibilizados, todos tratarão de construir uma vida melhor para todos.

A Dra Joelza Mesquita, médica pediatra da Sociedade de Pediatria do RGS e do Serviço de Proteção da Criança e do Adolescente da ULBRA mostrou-nos slides de crianças abusadas, contou-nos fatos dramáticos sobre crianças e adolescentes que sofreram violência sexual por parte de adultos. Um dado chocante é o de que, na maioria dos casos o agressor é um adulto significativo na vida da criança, o pai ou o padrasto. Sentiu-se que a platéia estava estarrecida e que a maioria nunca imaginou que uma em cada quadro meninas sofre alguma forma de abuso, e um em cada 6 meninos também. São dados estatísticos que refletem uma realidade dura de se encarar. A Dra. Joelza trabalha há 22 anos com crianças abusadas e não escondeu a dificuldade que ainda tem em lidar com crianças vitimizadas, com o nó na garganta que sente quando ouve suas histórias, seu choro, e detecta suas sequelas, suas mutilações. Ela não escondeu o fato de que dificilmente alguém que é abusado volta a ser o que era e, segundo sua constatação, muitas mães que encaminham seus filhos abusados para ela, sofreram no passado agressão parecida e não conseguiram maternar, não conseguiram defender seus próprios filhos de serem abusados.

Segundo a Dra. Joelza, deve-se cuidar dos pais para que eles consigam desempenhar seu papel, que é o de amar e proteger de forma adequada os filhos.

A seguir Mariza Alberton, Coordenadora do Movimento pelo Fim da Violência e Exploração sexual de Crianças e Adolescentes falou-nos sobre a exploração comercial de crianças e adolescentes. Contou sobre a CPMI (comissão parlamentar mista de inquérito) que investigou a exploração de crianças,da qual ela fez parte como investigadora. Seu relato sobre o que acontece no tráfico de crianças, com a venda de crianças bem pequenas e, segundo ela, quanto mais pequenas maior o valor comercial, foi de arrepiar. Contou por exemplo que, em Soledade, quando da CPMI, constatou-se que empresários premiavam seus compradores com crianças. Quanto maior a venda, mais novinha a criança oferecida como prêmio. Enfim, foram muitas as denúncias, muitas as revelações, muitas as orientações.

Considero importante frisar que, todos nós membros de uma sociedade, somos co-responsáveis por todas as crianças e não podemos ser omissos com o que está sendo visto problema de saúde pública. O sofrimento das crianças não pode ser minimizado de forma alguma. A criança não é mais um objeto na mão do adulto. O Estatuto da Criança e do Adolescente tornou a criança visível como sujeito de direitos e como prioridade absoluta. Essa prioridade foi muito questionada
pelo deputado estadual Miki Breier, quando falou que a causa da criança não está sendo contemplada pelos orçamentos públicos, que não está sendo possível cuidar adequadamente da criança por falta de recursos e por falta de uma estrutura de apoio, tão necessários para que o ECA seja verdadeiramente implementado.

Foi um evento de peso. Acredito que os acadêmicos e os profissionais que participaram da Jornada saíram muito sensibilizados e dispostos a dar sua contribuição, mesmo que seja só ficando com os olhos bem abertos, a fim de denunciar abusos pelo fone 100, no mínimo.

Um comentário:

Unknown disse...

Nossaaaaaaaa!!Tô passada com tanta violência...
Que loucura saber que essas crianças estão a mercê do próprio agresssor...Isso tem que acabar!!!
Muito triste..:((
Bjos
Cláudia