sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Dia curto demais


Ontem no programa Happy Hour do GNT trataram do assunto falta de tempo. Aconteceram alguns relatos sobre a vontade que um tem de dormir mais um pouquinho pela manhã, mas não pode, outro sobre o fato de se dar ao luxo de dormir depois do almoço, coisa de que não abre mão, enfim, há mil maneiras de se lidar com o fator tempo. Houve até quem dissesse que sente remorso por dormir sete horas e não se sentir pressionado pelo tempo. Dei tratos à bola e concluí algumas coisas bem interessantes. Há pessoas que se ocupam excessivamente por pensarem que as coisas só funcionam se forem elas mesmas a fazê-las, passando posteriormente a culpar aos que a rodeiam por estar cansada e, como se diz hoje, estressada; há os que conseguem organizar sua vida de forma a fazer tudo a seu tempo, sem preocupações com acúmulo de tarefas, já que se recusam a fazer isso. Fazem uma coisa após a outra e rendem muito e terminam tudo sem grandes queixas; há os que fazem de conta que trabalham muito, fazem muito barulho, contam incansavelmente tudo o que fizeram, não sem suspirar de vez em quando e dizer das suas dores, do grau de escravidão que o seu trabalho se tornou; há ainda os que se ocupam das pessoas, principalmente consigo mesmas, e que conseguem ficar mais soltas a fim de cuidar do bem estar geral. Essas são as mais produtivas, mesmo que o desgaste emocional seja grande, sempre conseguem sentar e conversar na tentativa de amenizar o desconforto dos que a procuram. Para essas pessoas, uma pia cheia de louça não é problema, um amontoado de papéis também não, tendo à frente alguém que queira compartilhar coisas, conversar sobre cinema, televisão, filhos. São essas pessoas que conseguem tempo pra fazer serviços voluntários, que enxergam quilômetros à frente do próprio umbigo, que vêem perspectivas de vida invisíveis à maioria. O tempo é um tema filosófico por excelência e já mereceu quilômetros de produção científica e literária. Luc Ferry trata do assunto, recuperando os filósofos pré-socráticos, e diz em seu tratado sobre a felicidade, que devemos viver sem a nostalgia do passado e sem a esperança do futuro, pois nem um, nem outro existem, o que temos é só o presente. O tempo é um ponto de partida interessante pra se pensar a condição humana em sua grandeza, para que se consiga entender como essa grandeza está diluída em jogos de poder, de fama instantânea, em best sellers de auto ajuda sem comprometimento com a capacidade humana de pensar-se de fazer-se. Portanto, neste meu exercício de pensar o pouco ou o muito tempo de que dispomos, permitiram-me concluir que, mesmo tendo o mesmo tempo à nossa disposição, há os que conseguem produzir para serem felizes junto com os demais e há os que só o gastam, sem deixar marca significativa no mundo. Antes que me esqueça, concluí também que aqueles que enxergam muito a vida do outro, esquecem da sua própria e depois têm a sensação de que o outro não faz nada na vida. Não será o contrário?

Um comentário:

Adriana Gehlen disse...

tem toda a razão. é o contrário. hahaha

eu até tenho tempo, um dia sim um dia não...
tenho que ocupá-lo melhor, ou mais, não sei, por enquanto não me estresso com esse problema haha (:
besos