Creio estar encerrando uma série de conversas nas escolas sobre a possibilidade de se fazer um novo pacto na educação formal, que consiga varrer a tendência à mediocridade, coisa que está se infiltrando em todos os setores da sociedade. Hoje estive em uma escola estadual e conversamos com alunos do EJA, isso quer dizer que eram adultos de todas as idades, mas de todas as idades mesmo. O incrível foi sentir a empatia entre mim e aquelas mulheres mais velhas das turmas. Elas sorriam quando lhes contei que também estudei até há pouco, que também desenvolvi varizes e que também fui muito feliz em ter passado por tudo aquilo. Havia muitos homens entre eles, já bem idosos. Outros mostravam-se extenuados físicamente e molhados por causa de uma tromba dágua bem no começo das aulas. Durante a conversa que entabulamos, mostrei-lhes um texto que conta as falcatruas e os deslizes cometidos por figurões e por pessoas comuns, relatados em uma única edição de Zero Hora, eles ficaram boquiabertos. Não imaginavam que a coisa fosse tão feia. Quando os questionei sobre o fato de a platéia do Festival de Folclore haver vaiado os representantes da Argentina, senti que eles não tinham se dado conta da gravidade do fato. Acho que foi um belo trabalho, já que todos ficaram atentos e percebi que refletiram de verdade sobre as questões. Perguntados sobre quem já tinha filhos, quase todos levantaram a mão, o que propiciou mais uma oportunidade de oferecermos a eles nosso trabalho de Escola de Pais do Brasil. Oferecemo-lhes também algumas revistas que eles receberam com prazer. Eles gostaram de saber que aprendemos pelo amor e que aprendemos uns com os outros. Sorriram como quem diz que entenderam tudo direitinho! E aprendemos mesmo! Um professor que é amado pelos seus alunos é um ótimoo professor. Conheço alguns.
Trocar idéias é o principal mote deste blog. A possibilidade de interação entre mim e os leitores é algo que me mobiliza, me encoraja e instiga a continuar escrevendo. Mas isso não basta, quero dialogar ao mesmo tempo em que quero monologar, construindo uma base para por em ordem meus pensamentos, em forma de desabafo, em forma de registro, em forma de comemoração, em forma de lamento. Convido-os a que me visitem às vezes, que opinem sempre, que vivam comigo coisas parecidas com ss suas.
4 comentários:
bah
escutei uma coisa esses dias que me deixou chocada.
ali que eu vi a falta de educação das crianças, e enfim. fiquei puta da cara.
outro dia te conto. não dá pra escrever algo assim em nada, quase nem falar dá, enfim...
quanto texto aqui pra eu ler! hehehe.
Besos! te adoro
Sueli acho válida a volta a escola dos adultos, entretanto acredito que o ensino deve ser repensado, incrementado. Vejamos. Será que adianta saber contar cédulas, mas tê-las o suficiente para ter uma vida digna. Digo isto, porque, em outros tempos, havia a escola profissionalizante. Nela, os alunos, além saber ler e escrever, também conseguiam uma profissão. Lembro que nos bairros mais umildes, os alunos aprendiam, atém mesmo, a consertar sapatos.
É somente uma idéia.
Parabéns pelo texto.
Bjs
Hermes
Caro Hermes, obrigada pelo comentário. Hoje o Ministro Haddad esteve aqui no RS e o vi responder a vários questionamentos na TVCOM. Pelo que pude perceber, vale a pena acessar o sítio do Ministério da Educação e ver o que há disponível para que as pessoas possam aprimorar sua profissão e até aprender uma. Para os professorem em exercício há coisas muito boas e concretas nas universidades federais. Mas, tua preocupação é a minha também. Abração
Sueli,também estou tendo a oportunidade de vivenciar o EJA...lá na faculdade tivemos um encontro com profissionais que estão "restaurando" a Ponte Hercílio Luz e a noite frequentam o EJA...é emocionante ouvir os relatos destas pessoas e o valor que elas dão a esta "oportunidade" de aprendizado.
É um "direito" de todos ter acesso a educação escolar e o profissional que se dedica a eles está cumprindo um papel importante em nossa sociedade que é o de COMPARTILHAR o conhecimento com todos!
Teu texto está ótimo!
Bjos
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