quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Musculação


Antigamente as mulheres carregavam a roupa suja até um rio para que fosse lavada. Esse rio nem sempre era lá atrás da casa e a roupa não era pouca. As mulheres lavavam ao sol, estendiam tudo no gramado para courar, para depois devolverem a roupa à agua para enxaguar e daí para o varal. Vi várias fotos e ouvi relatos de como torciam a roupa, geralmente em duas pessoas, uma de cada lado do lençol para conseguirem tirar o máximo da água. Imagino o investimento em tempo, em energia, em força com toda essa roupa até que finalmente estivesse seca e pronta a ser levada para casa. O que o ato de carregar essa roupa representava às costas e às pernas dessas heroínas, não posso nem imaginar. Mas, não estava tudo acabado, pois essa roupa toda tinha que ser passada a ferro, mas não com um ferro elétrico como conhecemos hoje, mas com um ferro à brasa, abastecido com brasas vindas de um fogão muito quente, insuportável em dias de calor, confortável no inverno. A propósito, se o fogão era confortável no inverno, o rio devia ser insuportavelmente frio, não? Todo esse relato serve pra que se imagine o dispêndio calórico dessas mulheres frente somente a esta atividade. Havia ainda as camas a serem estendidas e afofadas tanto nos colchões de palha de milho, quanto nos travesseiros e cobertas de pena de ganso; o chão tinha que ser varrido e o pó retirado de cima dos móveis; a comida era feita todos os dias, de manhã bem cedinho, ao meio dia e à tardinha, em fogão à lenha, uma delícia! Leite recém tirado, geléia feita em casa, manteiga batida em casa, pão feito em casa, queijo feito em casa, massa feita em casa, galinha criada logo ali no quintal e morta logo ali no quintal, feijão novo, hortaliças cultivadas logo ali nos fundos da casa, tudo muito natural, muito saudável.

Hoje nós somos empurradas pelo cardiologista, pelo ginecologista, pelos amigos, pelas revistas, pelos profetas do apocalipse a frequentarmos uma academia, a caminharmos quilômetros em cima de uma esteira, tendo como cenário as paredes dela, a nos alongarmos em cima de bolas imensas, a nadarmos em ambientes fechados, a pedalarmos em bicicletas que não saem do lugar. Isso, ou nos esfarelamos em osteoporoses, morremos entupidos de colesterol e não podemos sequer dar tchau aos netos sem que nossos bíceps e tríceps abanem entusiasmados pra lá e pra cá. Sorte que contamos com umas tais endorfinas que são nossa salvação. Eita sensação boa essa que elas nos proporcionam. Estou tentando ver alguma beleza nesta atividade que não me agrada muito, mas já estou cansada de sentar à frente do meu médico e ser xingada por ele todos os anos. Espero que tudo o que minhas amigas me contam de maravilhoso seja verdade e eu acabe o ano magra, forte e cansada como hoje? Não vou aguentar, juro!

Um comentário:

Unknown disse...

HAHAHA..eu e o Gérson estamos nos "acabando" de rir com este teu depoimento emocionado sobre academia..
Tu é demais!!!
Bjos e sucesso sempre!!